quarta-feira, 7 de abril de 2010

As palavras da doutrina da Trindade e o Unitarismo no concílio de Niceia

No Concílio de Niceia (ano 325), onde foi defendido e estabelecido o credo da Trindade, poucos sabem que houve uma controvérsia interna, em que alguns Bispo presentes não queriam aceitar o credo ali estabelecido, porque uma palavra parecia defender uma outra heresia acerca da pessoa de Jesus, que tinha surgido alguns séculos antes, que era a de dizer que o Pai-eterno e Jesus eram a mesma pessoa.
Tertuliano (falecido por volta de 230, um século antes do Concílio) tinha estabelecido o vocabulário latino específico para melhor explicar o ensino da Trindade. Três palavras básicas foram usadas por ele para esclarecer a doutrina trinitariana, a saber, TRINITAS (Trindade), SUBSTANTIA (substância, em grego: OUSIA) e PERSONA (pessoa, em grego: UPÓSTASIS). Tertuliano assim estabeleceu que TRINITAS era o nome da doutrina; SUBSTANTIA se referia a essência divina, em que o Pai, e o Filho e o Espírito Santo eram um e PERSONA falaria da individualidade de cada pessoa da Trindade. Assim, na Trindade (TRINITAS) havia três pessoas distintas (PERSONA), mas sendo um único Deus (SUSTANTIA). Ocorre que quando foi estabelecido o credo da Trindade, em Niceia, a palavra usada para descrever a unidade de Jesus com Pai foi a grega HUPÓSTASIS, que parecia equivaler em latim ao terno PERSONA. Para muitos Bispos isso era o mesmo que dizer que o Pai e o Filho eram a mesma pessoa, o que apoiava a heresia de Sabélio (o pai dos unitaristas). Por conta disso, houve resistência por parte de muitos deles em aceitar o credo. O que é explorado oportunamente pelas Testemunhas de Jeová, na brochura “Deve-se crer na Trindade?” (pág. 8), como se tivesse havido alguma recusa entre os bispos em aceitar o ensino da Trindade. O que eles estavam temendo era que outra heresia (a unitarista) acabasse sendo defendida enquanto se refutava a de Ário. Houve então uma confusão entre o latim e o grego devido à diferença cultural dos bispos (uns gregos outros latinos). Diz-se que Constantino fez vista grossa a essa discussão e usou de sua autoridade política para aprovar o credo com a palavra UPÓSTASIS asseverando que Jesus era da mesma natureza do Pai. E agora, quero esclarecer a confusão.
Na verdade, o termo grego HUPÓSTASIS não era de todo e perfeitamente idêntico ao termo latino PERSONA usado por Tertuliano. O termo ocorre em Hb 1.3 quando fala que Cristo é a expressão exata (CHARAKTÉR) do ser (HUPÓSTASIS) de Deus. Desse modo, a própria Bíblia deixa claro que UPÓSTASIS fala da essência de Deus, confirmando assim o acerto do credo de Niceia. A língua grega é muito rica em sinônimos. Para “pessoa” esta língua possui duas palavras específicas: ÁNTHPROPOS (homem ou pessoa no sentido genérico) e PSYKHÉ (alma, vida). Já HUPÓSTASIS deriva da junção de duas outras palavras gregas: a preposição HUPÓ e o verbo HÍSTEMI (instituir, estabelecer), que tem sido traduzida nas quatro (4) das cinco (5) ocorrências existentes no Novo Testamento grego por “confiança” ou “certeza” (2Co 9.4; 11.7; Hb 3.14; 11.1). O significado preciso da palavra é “o estabelecido” ou “coisa determinada”, daí seu sentido de “ser” em Hb 1.3, referindo-se a “essência” de Deus na qual cremos.
As Testemunhas de Jeová que escreveram a brochura “Deve-se crer...” não sabem ou não quiseram revelar, que quem sugeriu o termo grego HUPÓSTASIS foi Ósio, o conselheiro bíblico de Constantino. O imperador não era teólogo e estava mais preocupado em apoiar a maioria para não dividir o império. E a maioria, que viam da cultura grega compreendia perfeitamente o termo grego, tendo apoiado o credo. Achar que homens de Deus, que ainda traziam as marcas da perseguição, que viram seus pais serem martirizados anos antes, iriam temer a um político e se deixar levar por seus interesses em vez de defenderem suas convicções, é totalmente desacreditar na perseverança da Igreja ante as portas do inferno (a morte, o pecado e o mundo).
Para maiores detalhes vejam em meu blog (luizsousa-original.blogspot.com) o livro a “Trindade e as Testemunhas de Jeová”, um tratado apologético da Doutrina da Trindade irrefutável.

Luiz Sousa em Cristo eternamente!

21 comentários:

  1. Na minha opinião, o sentido correto esta na bíblia, suponho apenas que no concilio de Niceia conseguiu-se apenas interpretar o que ja existia de doutrina fundamental ou, pelo menos, buscou-se palavras para que os povos de outra cultura conseguissem entender o que estava devidamente escrito nas escriturar. A paz de Deus a todos.

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  2. Na Bíblia não temos um palavreado próprio para a doutrina da Trindade. Deus quer revelar a Trindade de forma pessoal, e não por palavras. No entanto, a palavra Theiotes (Divindade) de Rm 1.20 é a palavra bíblica que fala da natureza divina e, portanto, da Trindade.

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  3. luiz... pra mim.. me corrija se estou errado...
    a doutrina da trindade está implicita na palavra allos (outro) quando jesus se referiu ao espirito santo como outro consolador, da mesma essencia, ou seja, igual a ele e igual ao pai... também concordo contigo que a melhor certeza desta doutrina é no nosso relacionamento com o salvador...

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  4. Concordo Pb. Luciano. Quando estou falando das palavras da doutrina da trindade, quero dizer daquelas que foram feitas por Tertualiano que formatou a doutrina.

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  5. Luiz, Paz!
    NÃO sou e NUNCA fui TJ, mas SOU unitarista oriundo da Assembleia de Deus, e gostaria de pedir permissão a você para fazer algumas observações a sua postagem.

    Eu, pelo que li de Tertuliano, diria que ele não nominou de trindade aquilo que seria no futuro reconhecido como a doutrina; ele usou esse termo para desdizer o sabelianismo de Praxeas, assim como “trias” já havia sido usada por Teófilo de Antioquia. Se essa palavra passou a ser o nome da doutrina isso foi consequência posterior. O próprio Tertuliano confirma que aquilo que depois seria reconhecida como a doutrina da trindade, não era popular, nem entre os latinos, nem entre os gregos DE SEU TEMPO ao dizer no capítulo 3 de Contra Praxeas: “Os Simples, de fato (não vou chamá-los de todos ou ignorantes), que sempre constituem a maioria dos fiéis estão chocados com a dispensação (dos Três em Um)” e mais a frente nesse mesmo capítulo lemos: “enquanto gregos justamente se recusam a entender a economia, ou dispensação (dos Três em Um)”.

    As palavras “substância” e “pessoa” não tinham em seus escritos a conotação que se verá nos concílios mais tarde, mas se revestia de sentido jurídico (Tertuliano era advogado), dai a citação dele, também em Contra Praxeas, de “reino”, “rei” e “filho do rei” e até os “súditos” do reino, onde todos participam em diferentes graus, embora da mesma substância “reino”. Nesse mesmo sentido Tertuliano diz: “Pois o Pai é a inteira substância (pater enim tota substantia est); o Filho é derivação e porção do todo (filius vero derivatio tortius et portio)”.

    Pelo que li em alguns livros de história da igreja, embora, de fato, não houvesse distinção clara entre hypostasis e ousia naquela época, a palavra sugerida por Ósio, conselheiro de Constantino, e correligionário de Alexandre, bispo de Ário, foi homoousios. Tal palavra, mesmo sendo posta no credo, não era de aceitação geral e não foi usada, por exemplo, por Atanásio e muitos outros por décadas, até que esta teve seu sentido, com a acepção trinitária, popularizado para poderem se valer do credo. Foi posta naquela época, ainda que com sabor “sabeliano”, para contrapor o unitarismo de Ário, e isto era um dos principais objetivos do concílio, pois o unitarismo de Ário admitia “Deus de Deus”, a exemplo de Tertuliano, mas não como coiguais e “homoousios” objetivava a coigualdade absoluta mesmo correndo o risco de parecer coidentidade.

    É importante que se faça distinção entre unicista e unitarista. O primeiro grupo defende uma forma de trindade, os três são um (até ai trindade) e a mesma pessoa (aqui é onde diferem). O unitarismo admite apenas o Pai como sendo o Verdadeiro Deus (Jo. 17.3; I Co. 8.6, Gl. 3.20 e etc.), diferindo dos dois.

    Ao vocabulário “pessoa” em grego eu acrescentaria “πρόσωπον”.

    Também penso que não podemos dizer que o querer do imperador não influenciou, de alguma forma os bispos conciliares, ainda que saibamos que muitos dos participantes de Niceia tenham sido oriundos das perseguições ocorridas até 311 d.C. Sabemos também pela história que muitos dos que havia “apostatado” quando perseguidos, reataram suas vidas com a igreja depois do edito de tolerância. Um dos que não viam com bons olhos esse comportamento leviano foi Ário que já era um homem de certa idade quando a controvérsia com Alexandre começou.

    Vale lembrar, sob esse prisma, que muitos bispos nicenos votaram diferente do que votaram em Niceia em Rimini e Selêucia, favorecendo o unitarismo, sob o domínio de um dos filhos de Constantino. Bem... a história é longa!

    Embora discordando de alguns de seus pontos de vista, principalmente no que se refere a trindade, quero, sinceramente parabenizá-lo pela inciativa do blog em levar ao público o conhecimento do grego koiné e admitir que algumas de nossas traduções precisam de ajuste.

    Deus em Cristo continue te abençoando.
    Saudações!
    Valdomiro Filho.

    Obs. As citações em grego você pode usar do site www.biblos.com . Isso permitirá tê-las com todas as acentuações daquela língua.

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  6. Caro Pb. Luciano, Paz!
    Peço também permissão a você para falar um pouco sobre “allos”. Muitos de nós, na busca da defesa do que não não está explícito, buscamos, justamente, o implícito, às vezes sem considerar todas as possibilidades justamente porque é algo implícito, e, ai fica um pouco no subjetivo. O uso de “allos” é um desses casos.“Allos” não se refere ou não força o entendimento de que ao se falar de “outro” esteja se falando de outro de mesma essência ou um coigual em substância. Veja o caso, por exemplo, em II Co. 11.4 quando se diz: “Porque, se alguém for pregar-vos outro (ἄλλον) Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro (ἕτερον) espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis.” Perceba que se “allon” significar sempre outro igual e de mesma natureza não haveria razão para rejeitarmos esse outro (allos) Jesus, pois seria da mesma Essência, um coigual ao que conhecemos, mas vemos pela conclusão do verso que isso não é verdade. Aquele “allos” se refere a um Jesus diferente. Outro detalhe percebível nesse mesmo verso é que tanto “allos” quando “heteros” podem ser usados intercambialmente no grego koiné. Nesse verso ao se falar do espírito se usa a palavra “outro”, mas o termo vertido é “heteros”, gerando o mesmo efeito indesejado de sofrimento. Há mais detalhes, mas penso que essa informação já nos induz à reflexão sobre o uso de “allos”.

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  7. Caro Valdomiro, na verdade Tertuliano foi a base da defesa da Trindade em Niceia. Ficou marcado como aquele que realmente pós os alicerces da doutrina da Trindade. Sou Anabatista e Tertuliano foi o primeiro anabatista, já que os montanistas eram a igreja do Senhor Jesus do período de Tertuliano. Nós anabatistas cremos na atualidade dos carismas espirituais e na separação da igreja com o Estado, além de termos o posicionamento ético "absolutista não-conflitante", aquele que ensina a preferência a morte a ter de pecar.
    Bem, conheço muitíssimo bem Tertuliano, e em seus escritos não há nada que faça o que você disse ter sentido. Aconselho a você ler diretamente os escritos do grande africano e procurar reconstruir seus argumentos. Você me parece ser muito bem articulado, mas infelizmente está se revelando um falacioso, desenvolvendo argumentos falsos que parecem verdadeiros por outros motivos, que não é a verdade.
    Tertuliano destestava filosofia ao contrário de Justino, o mártir, que se valia muito do neoplatonismo em seus escritos apologéticos. Mas todos dois são reconhecidos como pais ortodoxos, e são, explícita e inconstestavelmente trinitários. Para os que dizem que a Trindade é fruto da filosofia grega, Tertuliano é o argumento indestrutível e refutador.
    Acho que aqui mesmo no blog tenho publicado o meu livro "Apologia da Trindade", em que tenho algumas citações dos pais prénicenos. Tertualino não há porque não sou bom em latim, mas na internet há um bom livro do Tertuliano disponível. Tire uma imprEssão e leia, depois conversamos.

    Um abraço.
    Luiz Sousa em Cristo eternamente!

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  8. Caro Luiz, Paz!

    Obrigado por responder, vi hoje tua resposta. Nos primeiros dias acessei várias vezes, e pensei que talvez você não respondesse. Então deixei de olhar o site.

    Bem, fico feliz que você conheça muitíssimo bem Tertuliano, mas triste em saber que você enxergou nele, provavelmente, uma trindade que ele não ensinou. Até mesmo a que ele ensinou não era de aceitação geral, como já citei na postagem anterior. O problema dos trinitários é justamente esse; depois que o dogma foi “sancionado” aonde houver a nominação dos três, já leem coigualdade. Tertuliano era um subordinacionista, assim como todos os pais pré-nicenos até o II século. Ele mesmo disse, e ai como você conhece muitíssimo Tertuliano deve ter lido, diretamente na obra dele (ao menos do que está disponível) como eu fiz, mesmo antes do teu conselho: “Pois eu posso dar o nome de 'sol' até mesmo para um raio de sol, considerado em si mesmo; mas se eu for mencionar o sol de onde o raio emana, eu certamente devo imediatamente abandonar o uso do nome de sol para o mero raio.” Aqui cabe a pergunta: “Quem é o raio e quem é o sol na visão trinitária de Tertuliano? E se essa expressão dele é alguma reivindicação de coigualdade?!

    Na verdade nobre Luiz, após ler o que de Tertuliano temos disponível descobri que afirmar que a trindade em Tertuliano é a mesma de Niceia, esta sim é uma falácia. Como você conhece muitíssimo bem Tertuliano também já leu as palavra dele quando disse: “Houve um tempo em que não havia Filho e nem pecado, quando Deus não era nem pai nem juiz”. Não sei se faz algum sentido essas afirmações de Tertuliano, a mim me faz muito. Ainda bem que não fui eu quem disse isso, pois não faria sentido para você. Você pode até encontrar ele dizendo que o Filho é Deus, mas as condições para isso não está inerentemente no Filho, mas provindo do Pai. Isso não é trindade nicena, ou é? Aliás a trindade de hoje não abarca o conceito trinitário de latino-africano.

    Você disse que o argumento que apresentei é falacioso e uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Bem, coloquei agora apenas duas das muitas citações dele nesse sentido que não me parecem nem ser inconsistente, nem sem fundamento, inválido ou falho, e prova eficazmente uma coisa: a trindade de Tertuliano não serve para Niceia. La ele seria herege. Os nicenos não digeririam a afirmação “Houve um tempo em que não havia Filho” dita por ele. Alguém já atribuiu essa afirmação a Ário, tenho certeza que você já leu, só que de Ário não temos nada escrito por ele mesmo, nem mesmo cópia, já de Tertulianos tem-se as cópias do que ele teria escrito.

    Até onde sei caro Luiz a verdade não tem lado. É simplesmente verdade. Mas se você diz que eu estou produzindo argumento falso, então você deve estar do lado da verdade. Diga-me, por favor, como se faz para ficar do lado onde a verdade está, para que eu também fique. Se isso é possível!!!

    Você falou de um livro, se puder dizer qual o nome ou o endereço, ficarei grato. Quanto a filosofia e a repúdia de Tertuliano aos filósofos isso não o impediu de usar argumentos filosóficos em suas obras. Não é difícil encontrar em seus escritos ele “filosofando”.

    Reconheço que você é muito preparado intelectualmente, mas a humildade é uma virtude cristã, mesmo que seja fundamentalista, aliás se o fundamentalismo é cristão, então, a humildade deve ser uma marca profunda e fundamental.

    Abraços,
    Na Paz!
    Valdomiro.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Valdomiro disse:

    Caro Pb. Luciano, Paz!
    Peço também permissão a você para falar um pouco sobre “allos”. Muitos de nós, na busca da defesa do que não não está explícito, buscamos, justamente, o implícito, às vezes sem considerar todas as possibilidades justamente porque é algo implícito, e, ai fica um pouco no subjetivo. O uso de “allos” é um desses casos.“Allos” não se refere ou não força o entendimento de que ao se falar de “outro” esteja se falando de outro de mesma essência ou um coigual em substância. Veja o caso, por exemplo, em II Co. 11.4 quando se diz: “Porque, se alguém for pregar-vos outro (ἄλλον) Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro (ἕτερον) espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis.” Perceba que se “allon” significar sempre outro igual e de mesma natureza não haveria razão para rejeitarmos esse outro (allos) Jesus, pois seria da mesma Essência, um coigual ao que conhecemos, mas vemos pela conclusão do verso que isso não é verdade. Aquele “allos” se refere a um Jesus diferente. Outro detalhe percebível nesse mesmo verso é que tanto “allos” quando “heteros” podem ser usados intercambialmente no grego koiné. Nesse verso ao se falar do espírito se usa a palavra “outro”, mas o termo vertido é “heteros”, gerando o mesmo efeito indesejado de sofrimento. Há mais detalhes, mas penso que essa informação já nos induz à reflexão sobre o uso de “allos”.
    21 de julho de 2010

    RESPOSTA:
    Valdomiro, há um detalhe do texto de 2Co 11.4 que você não atentou. É o que outro (ἄλλον) que entendemos ser a expressão que evoca o sentido de igual é aplicado apenas a Jesus. Quanto ao recebimento do Espírito e ao Evangelho o uso é de (ἕτερον)que compreendemos se referir a outro diferente. Isso tem uma razão. A pessoa de Jesus é sempre a mesma nas seitas e heresias que se multiplicam. Jesus Cristo como pessoa história, que fundou o cristianismo dificilmente muda como a base de todo ensino diferente daquele proposto por Ele. O próprio Jesus disse que era em seu nome que viriam os falsos profetas (Mt 24.5), portanto, não é de se estranhar que o "outro" aplicado a Jesus fosse o que tem sentido de igual. Neste ponto, a questão não se trata da aceitação ou a confissão do Jesus Cristo verdadeiro e original, isso nada vale para se julgar que é de Deus ou não. Mas sim o cumpri os seus ensinos (Mt 7.21; 2Tm 2.19). Já para o Evangelho e o recebimento do Espírito Santo é que a diferença se explícita. Considere o uso dos dois outros em Gl 1.6 e 7 aplicados ao Evangelho nesta passagem. Fica evidente que quanto ao Evangelho pode haver uma diferença franca e explícita. E da mesma forma se dá com o Espírito, em 1Tm 4.1 e 1Jo 4.1 claramente vemos que existe espíritos diferentes.

    Luiz Sousa

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  11. Caro Valdomiro, continuo a achar que você não leu os escritos de Tertuliano. Ele definitivamente não é subordinacionista! E explícitamente condena o ensino unitarista. Leia sua obra "Contra Praxeas" e tudo ficará claro e inconteste.
    A citação que você faz de Tertuliano é a mais comum que eu vejo nos livros de teologia e da revista Deve-se crer na Trindade das Testemunhas de Jeová. Fica notório que você não leu esta obra de Tertuliano.
    Leia!

    Luiz Sousa

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  12. Nobre Luiz, Paz!

    Caro amigo, respeito o seu achar, mas tenho a mesma impressão de você. Como apenas posso falar por mim mesmo, confirmo que li todos os 31 capítulos de Contra Praxeas. E como disse antes, lá você vai encontrar Tertuliano dizendo que o Filho é Deus, mas você sabe que isso não é o suficiente para termos uma trindade nicena ou mesmo uma coigualdade, pois também diziam os arianos. Aliás a primeira redação do credo “Deus de Deus” proposto em Niceia é de linha ariana. Como já disse acima o conceito de Tertuliano sobre a “economia dos três em um” era coisa nova, e isso não é inferente não, é dito por ele mesmo, e essa nova teologia se popularizou com o tempo, assim como muitas coisas indesejáveis à sã doutrina se popularizaram naqueles primeiros séculos do cristianismo.
    Esqueça os Tjs, eles não são os únicos unitaristas da face da terra. Há inúmeras religiões cristãs espalhadas pelo mundo, assim como os Kardecistas não são os únicos que pregam amor. Até Sir Isaac Newton, em seu tempo, era unitarista.
    Lembre tertuliano tratou com Praxeas sobre sabelianismo, portanto, modalismo, não unitarismo.

    Bem as citações que fiz de Tertuliano são exatamente das obras dele que li dele. Lá também você poderá encontrar, por exemplo:

    “Mas quanto a mim, que deriva o Filho de nenhuma outra fonte que não a substância do Pai” (Capítulo 4).
    “...mesmo antes da criação do universo Deus não estava sozinho, desde que ele tinha em Si próprio tanto Razão e, inerentemente à Razão, Sua Palavra, que Ele (Deus) fez outro em Si por agitá-la em Si mesmo ” (Capítulo 5), o Filho aqui ainda não é pessoa distinta do Pai, mas é feito, segundo ele, no interior do Pai, como mais a frente se dirá gerado “do útero de Seu próprio coração”.
    “Ele me criou e me gerou em Sua própria inteligência” (Capítulo 6). Tertuliano parafraseia, claramente Pv. 8.22, admitindo criação e geração.
    “Este é o perfeito nascimento da Palavra, quando Ela procede de Deus - formada por Ele primeiro” (Capítulo 7).
    Há um “gerado por Deus, de uma forma peculiar a Si mesmo, do útero de Seu próprio coração” (Capítulo 7), perceba que há sempre um feitor ou gerador e outro feito ou gerado, Um que é antes e outro que é depois.
    “Ele se tornou então o Filho de Deus, e foi gerado quando Ele procedeu d'Ele” (Capítulo 7). Reconhece a temporalidade da condição de Filho.
    “Ele fez de Sua Palavra um Filho para Si mesmo”(Capítulo 11.)
    “Sua primeira declaração é de fato feita, quando o Filho não havia aparecido ainda” (Capítulo 12).
    “nós reconhecemos o Filho como sendo visível em razão da dispensação da Sua existência derivada” (Capítulo 14).
    “e naquele princípio Ele foi prolatado pelo Pai” (Capítulo 19).
    “Agora, por dizer 'o Espírito de Deus' (apesar de que o Espírito de Deus é Deus,) e por não nomear diretamente Deus, ele quis que fosse entendida aquela porção de toda a divindade, que estava prestes a se retirar para a designação de 'Filho'. O Espírito de Deus nesta passagem deve ser o mesmo que a Palavra” (Capítulo 26).

    Diante dessas declarações é difícil negar que sua afirmação em Contra Hermógenes, quando disse: “Houve um tempo em que não havia Filho e nem pecado, quando Deus não era nem pai nem juiz”, tenha sido acidental ou mera retórica e não reflexo de sua própria convicção de que o Filho, ainda que Deus por participação na substância do Pai a partir de sua geração, não é, de fato, eterno preteritamente.

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  13. Em Contra Praxeas se vê distribuído no corpo do texto a atribuição das características do Filho como “derivado”, “porção da Divindade”, “prolatado”, “formado”, “aparecido”, “feito”, “procedido”, “gerado”, “nascido” e “criado” antes da criação do mundo. É difícil crer que ele tenha usado todos esses predicativos para querer denotar a eternidade de alguém. Assim, o Filho é parte da “Substância”, derivado dela, mas não toda substância e sempre o segundo na posição. Tertuliano confirma a realidade do princípio do Filho ao contrastar com a eterna existência do Pai dizendo: “O Pai, contudo, não teve princípio, não procedendo de ninguém” (Capítulo 19). Aqui fica claro que ao usar a palavra “proceder” Tertuliano esta falando de ter um princípio, pelo fato de o Pai por não ser “procedido” não teve princípio; e essa palavra ele usa com relação ao Filho. Portanto, por conta dessa clara posição qualquer afirmação em defesa da trindade niceno-constantinopolitana atribuída a Tertuliano é precária e equivocada, pois ele não a pode ter defendido e ensinado se entendia que o Filho não era preteritamente eterno e sua própria concepção de Jesus com Deus decorre de sua visão de que Ele, Jesus, era uma porção ou emanação do Pai, saído de Deus para atendimento dos propósitos da criação(1) e salvação. Claramente se percebe que Tertuliano não usou a palavra trindade no sentido de identificação ontológica de Deus, mas para contrapor o sabelianismo de Práxeas que não acreditava existir três: Pai, Filho e Espírito; mas apenas um que se manifestava de três modos. Na verdade, essa percepção de que a geração do Filho se deu por emanação (geração) ou derivação se assemelha muito a de outros teólogos daquela mesma época como, por exemplo, Taciano, que foi discípulo de Justino, autor do Discurso Contra os Gregos (160 d.C), em Roma, e Diatéssaron (172 d.C), que escreveu acerca de Jesus: “Antes da criação, Deus estava só; o Logos estava imanente nEle como Sua potencialidade para criar todas as coisas. No momento da criação, porém, Ele irrompeu do Pai como Sua 'obra primordial' (ergon prototokon). 'espírito derivado de espírito, racionalidade derivada do poder racional'” Perceba a semelhança de ideias bem como a proximidade das datas entre os dois, e perceba que ambos são do II século.
    _________________
    (1) - Em Contra Praxeas, capítulo 12, Tertuliano diz: “Mas em respeito aos prévios trabalhos do mundo o que diz as Escrituras? Sua primeira declaração é de fato feita, quando o Filho não havia aparecido ainda: 'E Deus disse, haja luz, e houve luz'. Imediatamente aparece a palavra, 'aquela verdadeira luz, que ilumina o homem em sua vinda ao mundo', e através dele também vem a luz ao mundo. A partir deste momento Deus quis que a criação fosse efetuada na Palavra, Cristo sendo presente e ministrando para Ele...”

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  14. Não vejo que Tertuliano se distancia do conceito comumente aceito da Trindade, percebo sim, uma certa limitação pelas palavras para expressar algo por demais sublime. No capítulo 21 desta mesma obra ele declara: "...o pai, o Filho e o Espírito não forem cridos como três, e como sendo somente um Deus", ora, apesar da rudeza e da falta de explicitar que os três se referem as pessoas, e não a três Deus, o fato dele dizer que são somente um Deus, deixar claro o sentido e o conceito que Tertuliano quer imprimir aos seus leitores.
    No capítulo 25 desta mesma obra "Contra Práxeas", lemos: "Estes três são uma essência, não uma pessoa, como é dito, "Eu e meu Pai somos um" em respeito à substância não a singularidade do número".
    Entendo que foi conta do objetivo de demonstrar que Jesus era distinto do Pai afim de combater a heresia que negava isso, que pareça que Tertuliano indique uma certa inferioridade de Jesus em relação ao Pai. No mais, só com muita imaginação e desejo de vê o que se deseja, que se pode pensar que Tertualino não seja uma fonte clara e inconteste do ensino trinitário.

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  15. Caro Luiz, Paz!

    Havia tentado responder por diversas vezes tua postagem. Mas quando clicava em enviar; a msg era aparentemente enviada mas não aparecia como postada. Essa é mais uma tentativa depois de alguma tempo.

    Nobre irmão, o próprio reconhecimento de que faltava um vocabulário para expressar o conceito trinitário testemunha que essa ideia não vem da era apostólica. Como citei acima, até os católicos romanos reconhecem, em Tertuliano o subordinacionismo característico da época em quem que ele viveu (espanta-me você dizer que eu não li Tertuliano, pois se você leu e não admite seu subordinacionismo faltou, então, entendê-lo), e a informação da origem do Filho em seus escritos. Filho temporal e desigual ao Pai não é a trindade que se prega hoje. Na verdade, precisa-se fechar os olhos para não perceber isso. Os católicos admitem isso facilmente porque não precisam materializar suas provas sobre a trindade, o Magistério a determina. Os protestantes é que tentam pegar a trindade nicena e dizer que era essa que Tertuliano ensinava para tentar dar antiguidade ao dogma. Na verdade, ele (Tertuliano) seria herege se pudesse estar em Nicéia e defendesse a trindade temporal e desigual que ele ensinou.

    Falando de Hipólito o seite BiblicaCatolida diz "Como Justino, Atenágoras, Teófilo e Tertuliano, é subordinacionista (ou seja, crê que o Filho tornou-se uma pessoa divina subordinada ao Pai, Logos proferido “posteriormente” para ajudá-lo na criação e no governo do mundo)." http://www.bibliacatolica.com.br/

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  16. Na verdade, o vocabulário que Tertuliano usou visava combater os conceitos heréticos de sua época. A Trindade é se sempre foi compreendida por revelação, pois afinal de contas Deus não quer ser conhecido indiretamente.
    É preciso que se diga que os católicos não veem com bons olhos a Tertuliano por ele ter se tornado um montanista.

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  17. a trindade é a transgressão oculta do primeiro mandamento: não terás outros deuses diante de mim. não é necessário saber grego pra ter certeza que a trindade é um disparate, um absurdo.

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  18. Ivan, cada mais gente percebe isso. Hoje, no Brasil, já existe uma demanda de cristãos que nunca foram TJ na vida que não creem na trindade. Acredito que está começando um efeito cascata de conscientização sobre o tema. A internet tem sido um bom instrumento de divulgação de coisas que antes ficavam restritos aos escritos da cada igreja (literatura pronta). Agora, as pessoas podem ler a opinião contrária a partir dos contrários e não do alguém escreveu sobre os contrários. Um coisa que me chama a atenção é o fato dos trinitários dizerem que a trindade era ponto pacífico entre os primeiros cristãos. Isso, nem de longe é verdade. Tertuliano na obra em que ele apresenta a trindade, ele mesmo confessa sofrer resistência dos gregos e dos latinos além de outros. Ele não fala de grupos opositores, fala de povos inteiros que se escadalizavam com tal ensino. E a trindade de Tertuliano é temporal, pois ele disse na obra Contra Hermógenes: "Houve um tempo em que não havia pecado, nem o Filho, quando Deus não era nem Pai, nem Juiz." Na verdade, tem muita coisa mal explicada que está começando a vir a tona.
    Até o Papa está percebendo que o unitarismo, que ele chama de "arianismo" está latente, veja em http://www.rccbrasil.org.br/noticia.php?noticia=2150

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    1. Valdomiro, por que as muitas palavras, sempre faz os homens delirarem, a bíblia parece não passar de um intrumento de intrigas de pensamentos, de filosofias, um mata-mata de argumentos copiados, parece que é dificio dizer que crer, é mais facil argumentar o que os outros creem, a crítica no momento é pra você que parece querer defender mais veementemente sua posisão, o fato de seu parecer, influenciado por você ou por quém quer que tenha sido, ser bastante conhecido e aceito no mundo cristão, e está crescendo no brasil, não significa autencidade divina, muito pelo contrário, fique esperto, a maioria nem sempre esta certa, ou seja, em rarissimos casos a maioria esteve certa, pricipalmente quando o assunto tem haver com o conhecimento de Deus, as pessoas aceitam facil qualquer coisa que tenha sido digerido por algum estomago triturador de bíblia, sem se importar se a verdade foi engulida tudo direitinho ou só o que agradava o paladar de quém engolia a bíblia, o que quero dizer é que é mais facil aceitar qualquer fonte como confiavel para contestar a bíblia do que aceitar a bíblia como fonte confiafel para contestar pensadores do mundo religioso, é tanto que sempre se tem um Sabelio, um Tertuliano, um Constantino ou um Luterio da vida para se tomar como ponto de partida, a filosofia e a EGO'LOGIA, é p poucos, o conhecimento de Deus(teologia verdadeira) é para todos, é uma nessessidade emergente, imitem a Noé, a Moises, a Jeremias, a João Batista, a Cristo, a Paulo, se fossemos depender dos discurços, de muitos pensadores do passado e da atualidade, para encontrarmos e conhecermos a jesus, morreriamos em chamas e não veriamos um requisso sequer de salvação, e olha que o assunto é a trindade ou o que você pense ser Deus, Cristo, Espirito Santo... a salvação pessoal parece não ter sentido, a crença no fato de Deus ter poder para sustentar sua verdade pelos tempos parece não ser certa, tudo depende, enquanto devemos depender de Deus, nos muitos palafrasiasios que lemos, nos foruns, site, blogs, livros e docomentários "apologéticos", mais parece a verdade depender os homens, o que é pior, homens que em alguns casos nem eram tementes a Deus, apenas deliravam em conhecimentos tirados do próprio ventre, alguns eram cristão de nome mais suas ações na história, não deixa margem pra pensarmos que Deus era com eles, e alguns deliraram tantos que se contráriaram eles mesmos...
      Eu também gosto de ler e ficar sebendo, mais vamos usar mais a bíblia, muitos simples precisam da ajuda de quém gosta de le e escrever, jesus ama quém ama a verdade...
      Sim, quando Valdomiro ou Luiz poderem me expliquem o que tertuliano quis dizer: Em Contra Praxeas, capítulo 12, “Mas em respeito aos prévios trabalhos do mundo o que diz as Escrituras? Sua primeira declaração é de fato feita, quando o Filho não havia aparecido ainda: 'E Deus disse, haja luz, e houve luz'. Imediatamente aparece a palavra, 'aquela verdadeira luz, que ilumina o homem em sua vinda ao mundo', e através dele também vem a luz ao mundo. A partir deste momento Deus quis que a criação fosse efetuada na Palavra, Cristo sendo presente e ministrando para Ele...”.
      Com repeito, aguardo...

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  19. Deuzimar, Paz!

    Obrigado por seu cuidado e recebo tuas observações com bons olhos!

    Acho, porém, que tua motivação decorreu de uma má interpretação da minha motivação.

    Quanto à tua pergunta sobre Práxeas 12, deixo à disposição do Luis, caso ele queira responder!

    Se você desejar ler outras argumentações usando mais a Bíblia, poderá encontrar em www.unitarismobiblico.com

    Paz seja contigo!
    Valdomiro.

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