quinta-feira, 31 de maio de 2012

Porque, como os novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o SENHOR, assim também há de estar a vossa posteridade e o vosso nome.
E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR.
E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne. (Isaías 66:22-24).


COMENTÁRIO:
Este texto tem sido usado pelos adventistas para dizer que o Sábado será guardado na eternidade. Mas o texto nada fala de guarda de sábado. Se lermos com cuidado percebemos que Isaías só está usado de medidas de tempo: desde uma lua nova à outra (um mês) e de um sábado à outro (uma semana), nada é dito de se guardar o sábado. Ele na verdade está falando do milênio quando todos as nações irão vir adorar a Jesus em períodos mensais e semanais. Nada é dito de se guardar o sábado. 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Trindade e os cristãos primitivos


Para que fique claro que os cristãos primitivos criam na Trindade, se bem que isso seja visto pelas abertas declarações de Jesus ser Deus ou em coordenar o Espírito Santo ao Pai e ao Filho, e não por uma formulação teológica do assunto, que só seria feita quando houve heresias que questionam a Divindade de Jesus, transcrevo esta parte do meu livro “Apologia da Trindade”, ainda a ser publicado. Meu objetivo é fornecer a Igreja e aos irmãos valiosas citações da antiguidade em favor da Trindade. Vejamos então o que disseram os principais cristãos dos séculos 1 e 2 sobre Jesus e o Espírito Santo dentro do credo da Trindade:

A) CLEMENTE DE ROMA, contemporâneo dos Apóstolos, disse em sua carta aos Coríntios, escrita por volta dos anos 81 e 98 do primeiro século, que “o Senhor Jesus Cristo era cetro da majestade de Deus, e que não tinha vindo, embora pudesse, no alarde da arrogância ou da soberba, mas humilde, conforme o Espírito Santo haveria dito sobre ele”(16:1). Com esta declaração, refletindo a idéia de Fp 2:5-8, Clemente de Roma deixa claro que Jesus fazia ou contribuía para a realeza de Deus, também diz que o Espírito Santo “havia dito”, asseverando sua personalidade (Repete isso também em 13:1).
Ainda nessa mesma carta, falando da nação de Israel, ele diz: “E dessa nação sairá o Santo dos santos”(29:3). Eis uma clara referência a Jesus com um título divino bem original.
Noutra parte (13:1,2) diz que Jesus fez Deus ser conhecido porque era o resplendor de sua majestade e não um anjo.
Num texto em que trata de unidade, ele fala: “Não temos nós um só Deus, um só Cristo, um só Espírito de Graça, que foi derramado sobre nós e uma só vocação em Cristo?”(46:6). Assim, ele alista o Pai, o Filho e o Espírito como uma unidade. Vale notar o dito “e uma só vocação em Cristo”, que contesta, juntamente com Ef 4:4 e Hb 3:1, que não existem duas vocações, uma celestial e outra terrena como ensinam as Testemunhas de Jeová.
Noutra referência (58:2) Clemente de Roma alista juntos o Pai, o Filho e o Espírito da seguinte maneira: “Pela VIDA de Deus, pela VIDA do Senhor Jesus Cristo e do Espírito”. O que prova que ele cria ser o Espírito Santo uma pessoa e não uma força, que indubitavelmente não possui vida. Fico também evidente que a vida do Pai equivale a vida de Jesus e do Espírito, são vidas divinas, eternas.
Também diz que Jesus é o criador de toda a criatura. Mas observe como ele diz: “Afim de esperar no seu nome (Jesus), que está na origem de toda criatura”(59:3). O que Clemente diz é que Jesus é a origem de toda a criatura, concordando com a interpretação trinitarista de Ap 3:14.
Em parte alguma de seus escritos Clemente de Roma (Que Orígenes dizia ser o mesmo de Filipenses 4:3, e que muitos chegaram a dizer que seria o autor da carta aos Hebreus) menciona que Jesus era uma criação de Deus ou alude que o Espírito Santo fosse uma força impessoal.

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B) INÁCIO DE ANTIOQUIA, célebre por sua peregrinação forçada, em cadeias, de Antioquia a Roma, por volta dos anos 107-110 para ser martirizado; foi o mais influente de todos os pais apostólicos, suas cartas tiveram grande aceitabilidade nas Igrejas primitivas e foram largamente difundidas e, segundo J. Quasten, elas “têm importância incalculável para a história do dogma da Trindade”. Foram suas cartas os principais documentos depois das Escrituras usados para defender a Divindade de Cristo em Nicéia. Não é à toa que as Testemunhas de Jeová nem sequer fazem referência ao nome desse pai apostólico, nem tão pouco citam qualquer obra erudita que diga que no princípio do cristianismo a Divindade de Jesus era negada; que o credo FORMAL da Trindade não existia, tudo bem, mas a igualdade de Jesus com o Pai era incontestável. Vejamos as declarações de Inácio conforme as suas cartas:

Inácio aos Efésios:

Pela vontade do Pai e de Jesus, nosso Deus”. Encontramos essa declaração logo na saudação de carta. Aqui fica clara a unidade de Jesus com o Pai, os dois são Deus para Inácio.

Imitadores que sois de Deus, reanimados pelo SANGUE DE DEUS”(1:1). Compare com Atos 20:27.

É preciso glorificar de todos os modos a Jesus Cristo”(1:1).

De fato Jesus Cristo, nossa vida inseparável, É O PENSAMENTO do Pai ”(3:1).

Como a Igreja está unida com Jesus Cristo, e Jesus com o Pai, afim de que todas as coisas estejam de acordo em unidade”(5:1).

sois as pedras do templo do Pai, preparadas para a construção de Deus Pai, levantadas até o alto pela alavanca de Jesus Cristo, que é a cruz, usando a corda, que é o Espírito Santo”(9:1).

recebendo o conhecimento de Deus, que é Jesus Cristo”(17:1).

De fato, o nosso Deus Jesus Cristo, segundo a economia de Deus, foi levado ao seio de Maria, da descendência de Davi e do Espírito Santo”(18:1).

quando Deus apareceu em forma de homem”(19:1).

Inácio aos Magnésios:

aos quais fo1Confiada o serviço de Jesus Cristo, que antes dos séculos estava junto do Pai e por fim se manifestou”(6:1).

Assim como o Senhor nada fez, nem por si mesmo nem por meio de seus apóstolos, sem o Pai, com o qual ele é um”(7:1).

            “Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, NA CARNE, ao Pai, e os apóstolos si submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja UNIÃO, tanto física como espiritual”(13:1) – Grifos e destaque nossos.

Inácio aos Tralianos:

permanecendo inseparáveis de Jesus Cristo Deus”(7:1).

Inácio aos Romanos:

à Igreja amada e iluminada pela bondade daquele que quis todas as coisas que existem, segundo fé e amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja que preside na região dos romanos...que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai; eu vos saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai...eu lhes desejo alegria pura em Jesus Cristo, nosso Deus

 “Nada do que é visível é bom. De fato, nosso Deus Jesus Cristo, estando agora com seu Pai, torna-se manifesto ainda mais”(3:3).

Deixai que seja imitador da paixão do meu Deus.”(6:1). Quando Inácio estava sendo aconselhado a não ir ao martírio.

Inácio a Policarpo (O mesmo discípulo do apóstolo João):

Espera aquele que está acima do tempo, atemporal, invisível, mas que se tornou visível para nós; aquele que é impalpável e impossível, mas que se tornou passível por nós, e por nós sofreu de todos os modos”(3:2).

Desejo que estejas sempre bem em nosso Deus Jesus Cristo”. Saudação final.

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C) POLICARPO, que segundo Tertuliano (séc. III) fora ordenado bispo de Esmirna pelo próprio apóstolo João, e que foi também mestre de outro trinitariano, Ireneu, declarou na sua oração na hora do seu martírio:
 “Senhor, Deus todo-poderoso, pai de teu Filho amado e bendito, Jesus Cristo, pelo qual recebemos o conhecimento do teu nome, Deus dos anjos, dos poderes, de toda a criação e de toda a geração de justos que vivem na tua presença. Eu te bendigo por me ter julgado digno desde dia e desta hora, de tomar parte entre os mártires, e do cálice de teu Cristo, para a ressurreição da vida eterna da alma e do corpo, na incorruptibilidade do Espírito Santo. Com eles, possa eu hoje ser admitido à tua presença como sacrifício gordo e agradável, como tu preparaste e manifestaste de antemão, e como realizaste, ó Deus sem mentira e veraz. Por isso e por todas as outras coisas, eu te louvo, te bendigo, te glorifico, pelo ETERNO e celestial sacerdote Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual seja dada glória a ti, com Ele e o Espírito, agora e pelos séculos futuros. Amém.”(Carta escrita pela Igreja de Esmirna para a Igreja de Deus que vivia em Filomélio, 14:1-3).

Nesta mesma carta onde temos o relato do martírio de Policarpo, encontramos:
Nós adoramos, porque é o Filho de Deus”(17:3).

Irmãos, andai segundo o Evangelho, na palavra de Jesus Cristo. Com Ele, glória a Deus Pai e ao Espírito Santo”(22:1).

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D) BARNABÉ. A carta atribuída a este autor foi encontrada no século passado junto com um dos mais antigos e aceitos manuscritos do Novo Testamento, o códice Sinaítico, o que já lhe dar grande aceitabilidade. Segundo Clemente de Alexandria (séc. III) trata-se do mesmo Barnabé que fo1Cooperador de Paulo em Atos dos Apóstolos, vejamos o que nos diz Barnabé sobre a Trindade:
Se o Senhor suportou sofrer por nós, embora fosse o Senhor do mundo inteiro, a quem Deus disse desde a criação do mundo: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (5:5).

Por fim, embora ele (Jesus) tivesse ensinado a Israel e realizado tão grandes prodígios e sinais, eles não foram levados por sua pregação a AMÁ-LO ACIMA DE TUDO”(5:8).

Se o Filho de Deus se encarnou, foi para levar ao máximo os pecados daqueles que tinham perseguido mortalmente OS PROFETAS DELE. É por isso que Ele suportou. De fato, Deus diz que é deles que vem a ferida de sua carne: ‘Quando feriram o seu pastor, então as ovelhas de rebanho perecerão’. Foi ele, porém quem quis sofrer deste modo. Com efeito, era preciso que ele sofresse sobre o madeiro, vida à espada. E ‘traspassaram com cravo a minha carne, porque uma assembléia de malfeitores se levantou contra mim”(5:11).

O Senhor deu esse mandamento, porque também Ele devia oferecer a si próprio pelos nossos pecados, como receptáculo do Espírito, em sacrifício, afim de que fosse cumprida a prefiguração manifestada em Isaque”(7:3)

De fato, a Escritura fala a nosso respeito, quando Ele diz ao Filho: ‘Façamos o homem a nossa imagem e semelhança’” (12:2).

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E) ARISTIDES DE ATENAS (Primeira metade do século II). Escrita entre os anos 117 a 138 do segundo século, a brevíssima carta apologética de Aristides diz no capítulo 15 e verso 3 sobre os doze apóstolos:
Estes são os que, mais do que todas as nações da terra, encontraram a verdade, pois conhecem o Deus criador artífice do universo em seu Filho Unigênito e no Espírito Santo, e não adoram outro Deus, além desse”.

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F) QUADRATO (Primeira metade do século II). Na obra “Carta a Diogeneto”, escrita por volta do ano 120 e atribuída a Quadrato, encontramos fortes provas da Divindade de Cristo.
No capítulo sete Jesus é chamado de “o próprio artífice e criador do universo”, Quadrato deixa claro que ele nem era um anjo ou algum dos que são encarregados das administrações dos céus, quando chega no capítulo oito (8), ele conclui: “Quem de todos os homens sabia o que é Deus, antes que ele próprio viesse?”
No capítulo 9 verso 2 Quadrato diz que o próprio Deus tomou sobre si os nossos pecados e chama Jesus de imortal: “com misericórdia tomou sobre si os nossos pecados e enviou seu Filho para nos resgatar: o santo pelos ímpios, o inocente pelos maus, o justo pelos injustos, o incorruptível pelos corruptíveis, o imortal pelos mortais”.

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G) TARCIANO, O SÍRIO (Segunda parte do segundo século). Discípulo de Justino mártir, em sua obra “Discurso contra os Gregos” datada entre 170 e 172, diz no capítulo 5 algo muito semelhante ao dito de Tertuliano, falando da unidade do Pai e do Filho: “Deus existia no princípio, mas nós recebemos da tradição que o princípio é a potência do Verbo. Com efeito, o Senhor do universo, que é por si mesmo o sustentáculo de tudo, enquanto a criação não tinha ainda sido feita, estava só. Mas enquanto estava com Ele toda a potência do visível e invisível Ele próprio sustentou tudo consigo mesmo, por meio da potência do Verbo. Por vontade de sua simplicidade sai o Verbo e o Verbo, que não cai no vazio, gera a obra primogênita do Pai. Sabemos que ele é o princípio do mundo, mas produziu-se não por divisão, e sim por participação. De fato, o que se divide, fica separado do primeiro, mas o que se faz por participação, tomando caráter de uma dispensação, não deixa em falta aquilo de onde se toma. Da mesma forma que de uma só tocha se acendem muitos fogos, mas o fato de acender muitas tochas não diminui a luz da primeira, assim também o Verbo, procedendo da Potência do Pai, não deixou sem razão aquele que o havia gerado”. Pelo que tudo indica nesta declaração de Tarciano, ele cria como Téofilo na distinção do Verbo imanente interior do Verbo emitido, pronunciado por Deus que criou todas as coisas, o fato porém é que sua crença era de que Jesus sempre existiu em Deus.
No capítulo 21Temos uma afirmativa idêntica a de Quadrato, que Jesus era Deus entre os homens: “Ó gregos, nós não estamos loucos, nem pregamos idiotices, quando anunciamos que Deus apareceu em forma humana”.

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H) ATENÁGORAS DE ATENAS (Segunda metade do século II). Em “petição em favor dos cristãos” obra de Atenágoras escrita aproximadamente no ano 177, encontramos declarações claras em favor, não só dos cristãos, mas também da doutrina da Trindade. Citando os filósofos Platão e Aristóteles para defender que os cristãos não eram ateus, disse no capítulo 6: “Portanto, se Platão não é ateu, por entender que o artífice do universo é um só Deus incriado, muito menos o somos nós, POR SABER E AFIRMAR O DEUS, POR CUJO VERBO TUDO FOI FABRICADO E POR CUJO ESPÍRITO TUDO É MANTIDO. Aristóteles e sua escola, que introduzem um só Deus como uma espécie de animal composto, dizem que Deus é composto de alma e corpo e consideram como seu corpo o éter, as estrelas errante e a esfera das estrelas fixas, tudo movido circularmente; e consideram a alma como a inteligência que dirige o movimento do corpo, sem que ela própria se mova, sendo ela, em troca, a causa do movimento”.

No capítulo 10 temos as seguintes declarações: “E que ninguém considerem ridículo que, para mim, Deus tenha um filho. Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como fantasiam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em idéia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o PAI E O FILHO UM SÓ. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por UNIDADE e poder do Espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência, vos correr perguntar o que quer dizer ‘Filho’, eu o darei livremente: O Filho é o primeiro broto do Pai, NÃO COMO FEITO, pois deste o princípio Deus, que é inteligência ETERNA, tinha o Verbo em si mesmo; sendo eternamente racional, mas como materiais eram natureza informe e terra inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com as mais leves, para ser sobre elas idéia e operação. E o Espírito profético concorda com nosso raciocínio, dizendo: ‘O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos para suas obras’. Com efeito, dizemos que o mesmo Espírito Santo, que opera nos que falam profeticamente, é uma emanação de Deus, emanando e voltando como um raio de sol. Portanto, quem não se surpreenderá ao ouvir chamar de ateus indivíduos que ADMITEM UM DEUS PAI, UM DEUS FILHO E UM ESPÍRITO SANTO, que mostram seu poder na UNIDADE e sua distinção na ordem?

E no capítulo 24 ainda diz Atenágoras: “De fato assim confessamos Deus, o Filho, que é o Verbo, e o Espírito Santo, identificados segundo o poder, mas distinto segundo a ordem: o Pai, o Filho e o Espírito”. Interessante é que este apologista cristão deixa muito claro a distinção das Pessoas da Divindade, mostrando sua igualdade no poder, concordando perfeitamente com o credo de Atanásio.
Para defesa clara da unidade e Divindade de Cristo com o Pai, diz no capítulo 30 em sua conclusão: “Fica portanto demostrado, segundo minhas forças, embora não conforme a dignidade do assunto, que não somos ateus ao admitir como Deus, o criador de todo este universo, e o Verbo que dEle procede”.

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I) TEÓFILO DE ANTIOQUIA (Segunda metade do segundo século). Teófilo é o primeiro que cita uma palavra para designar o doutrina da Trindade (TRÍAS), vendo um simbolismo dela nos três dias que precedem a criação dos luzeiros: “Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da TRINDADE, de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria (o Espírito Santo)”(Segundo Autólico 15). OBS: Nos primeiros séculos o Espírito Santo era chamado de “Sabedoria”(Ver Ireneu, Livro IV, 20:3).
Teófilo explica o “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” de Gênesis 1:26 do seguinte modo: “Além disso, Deus se apresenta como se precisasse de ajuda, pois diz: ‘façamos o homem á nossa imagem e semelhança’, mas não diz a ninguém essa palavra “façamos”, a não ser ao seu próprio Verbo e à sua Sabedoria”(Segundo Autólico 18). Isso concorda perfeitamente com a interpretação trinitariana dessa passagem bíblica.
No segundo livro a Autólico 10 ele diz: “Tendo Deus o seu Verbo imanente em suas entranhas, gerou-o com sua própria Sabedoria, emitindo-o antes de todas as coisas. Teve este Verbo como ministro da sua criação e por meio dele fez todas as coisas. Este se chama Princípio, pois é Príncipe e Senhor de todas as coisas por ele feitas. Este, portanto, que é Espírito de Deus e princípio e Sabedoria e Força do Altissímo, desceu sobre os profetas, e por meio deles falou sobre a criação do mundo e tudo mais. De fato, não existiam profetas quando o mundo era feito; existia, porém, a Sabedoria que nele estava, e o seu Verbo santo, que SEMPRE estava presente com Ele. Daí ele dizer por meio de Salomão: ‘Quando ele preparava o céu, eu estava com ele, e quando Ele afirmava os alicerces da terra, eu estava junto dele, harmonizando tudo’ ”. Nesta citação encontramos claramente que Jesus sempre esteve com Deus, também esse pai apologista explica porquê Jesus é chamado de Princípio, porque era ‘o Príncipe e o Senhor de todas as coisas por Ele feitas’ e não por ser, como querem as T.J. , o primeiro criado. Note também que o Espírito Santo recebe o mesmo título de Princípio dado a Jesus. Ele também mostra que tanto a Sabedoria (o Espírito Santo) e o Verbo sempre estavam com o Pai.
A citação do segundo livro a Autólico (22) é impressionante para a defesa da Divindade de Cristo, pois Teófilo cita Jo 1:1: “Agora me dirás: ‘Tu dizes que Deus não deve estar circunscrito a nenhum lugar. Como agora dizes que Deus passeava no jardim? Ouve a resposta. Deus, o Pai do universo, é imenso e não está limitado a um lugar, pois não existe lugar para seu descanso. O Verbo, porém, pelo qual fez todas as coisas, sendo sua potência e sabedoria, tomando a figura do Pai e Senhor do universo, foi ele que se apresentou no jardim em figura de Deus e conversava com Adão. De fato, a própria divina Escritura nos ensina que Adão disse ter ouvido a sua voz. Que outra coisa é essa voz senão o Verbo de Deus, que é também seu Filho? Filho não à maneira como poetas e mitógrafos dizem que nascem filhos dos deuses por união carnal, mas como a verdade explica que o Verbo de Deus está sempre imanente no coração de Deus.  Porque antes de criar alguma coisa, o tinha por conselheiro, pois era sua mente e pensamento. E quando Deus quis fazer tudo o que havia deliberado, gerou esse verbo proferido, como primogênito de toda a criação, não esvaziado-se de seu Verbo, mas gerando o Verbo e conversando sempre com Ele. Por isso, as santas Escrituras e todos os portadores do Espírito nos ensinam, dentre as quais João diz: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus’, dando a entender que no princípio existia apenas Deus e nele o seu Verbo. Depois diz: ‘E Deus era o Verbo. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito’. Portanto, sendo o Verbo Deus e nascido de Deus, quando o Pai do universo quer, Ele o envia a algum lugar e, chegando aí, Ele é ouvido e visto, pois é enviado por Ele e se encontra em algum lugar”. Esta citação perfeitamente mostra a Divindade de Cristo, além de explicar que Ele era quem se manifestava no Antigo Testamento e que sua filiação divina não era como as concebidas pelos pagãos (e por extensão as T.J.), Jesus era Filho porque sempre esteve no Pai. Também esclarece o sentido de Jesus ser chamado do Primogênito de toda a criação, pois após Ter deliberado a criação, Deus gerou do Verbo imanente o Verbo proferido sem dEle contudo se esvaziar, ou seja o termo primogênito foi dado a Cristo com relação a criação, não no sentido dEle Ter sido o primeiro ser a vir a existir, mas para ser herdeiro, como veremos posteriormente.  É de grande valor o modo como Teófilo escreveu Jo 1:1, pois na segunda sentença ele diz o “Verbo estava em Deus” e não o “Verbo estava com Deus”, a primeira forma destaca um união profunda entre o Filho e o Pai, e também a sentença final do versículo é colocada na sua forma original “Deus era o Verbo” e não o “Verbo era Deus” e isso tem um grande valor para impedir a colocação do artigo indefinido um, como esclareceremos também posteriormente
Estas citações, portanto, provam contundentemente que o pensamento cristão primitivo era essencialmente trinitariano.
É interessante que a própria revista “Deve-se Crer na Trindade...” diz que os pais pré-Nicéia criam na Trindade e deram a sua forma, é na página 11, que diz: “A the New Schaff-Herzong Encyclopedia of Religious Knowledge”(Nova Enciclopédia de Conhecimento Religioso, de Schaff-Herzong) mostra a influência dessa filosofia grega: As doutrinas do Logos e da Trindade receberam a sua forma de Pais Gregos, que...foram muito influenciados, direta ou indiretamente, pela filosofia platônica”. Ora, esses “Pais Gregos” são alguns dos mesmos citados Pais pré-Nicéia da página 7, ou seja, Justino, mártir, que além de ter sido uns dos primeiros apologistas cristão, foi também o primeiro a se valer da filosofia platônica para defender a fé cristã. Tarciano, Clemente de Alexandria, e Orígenes foram outros que utilizaram a mesma filosofia para explicar o cristianismo.
Vale lembrar que a mesma “Alexandria” que dá o sobre-nome de Clemente, é a mesma que os autores da revista citam na página 11, dizendo: “Assim, em Alexandria, no Egito, os eclesiásticos da última parte do terceiro e o início do quarto século, tais como Atanásio, refletiram essa influência ao formularem idéias que levaram à Trindade.” (Se bem que a datação está propositadamente adiantada). Desse modo, fica clara a falácia, a mentira e o engano, em que para tentar negar a Trindade esses hereges mentem, ocultam as coisas e manipulam o leitor.